Crítica

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“Glycério G. Carnelosso é “doublé”, de escultor e pintor, já por isso é o sentido das massas, das formas em sua plasticidade, o que o prepondera em sua pintura. Sua tendência é a do realismo poético. É preocupado com a matéria, denotando um certo carinho, e não menor segurança, em seu tratamento”.

Paulo Mendes de Almeida


 

RET_0069“…Vão fazendo o que a arte lhes pede que façam…
Dedica-se à arte pela dignidade da mesma…
Grande escultor e excelente pintor.”

Quirino da Silva
Diário da Noite – 1973


 

“Há pintores que parecem sussurrar quando pintam. Esse é o caso de Carnelosso. Nascido em Boa Esperança, interior de São Paulo, em 1921, ele apresenta um trabalho marcado pela contenção no uso da cor e por uma intensa delicadeza no fazer plástico. A harmonia predomina no conjunto e em cada pincelada isoladamente.

A variedade de temas inclui desde nus femininos a imagens de naturezas-mortas. Tal diversidade, porém, se unifica por uma palheta que nunca agride o observador. Existe um registro que fornece ao conjunto uma força oriunda da consciência do próprio ato de pintar.

Nesse sentido, há três trabalhos que podem ser considerados emblemáticos. Estudo em branco mostra como uma composição de pratos, chaleiras e outros utensílios de cozinha aparentemente comuns pode ser tratada com primor técnico. Carola oferece o resultado de uma cuidadosa e árdua pesquisa com o branco e a claridade.

 

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Essas qualidades se manifestam de maneira ainda mais acentuada em Guarapiranga. A represa paulistana é levada para o universo da pintura com cuidadosos e sutis reflexos na água e na construção do fundo da paisagem. Trata-se de um sussurro de um pintor que faz do lirismo, num mundo de berros, a sua marca primordial.”

Oscar D’Ambrósio
Jornalista e mestre em Artes Visuais pelo Instituto de Artes da Unesp,
integra a Associação Internacional de Críticos de Arte (AICA- Seção Brasil)